ESCÂNDALO
Como o caso Delta afeta a população
Tratado como outro caso de esquemas em gabinetes, Jordão Baixo prova que problema é muito mais que política
Publicado em 06/05/2012, às 00h06
Giovanni Sandes
O envolvimento da Delta Construções no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira é mais que um distante esquema de corrupção. Ela é uma das maiores empreiteiras de obras públicas do Brasil e as implicações do caso extrapolam muito a política. Em obras federais ou estaduais, a Delta, independentemente de corrupção, é denunciada pelo governo federal e pela população como uma empresa que consome recursos públicos e apresenta como resultado serviços de baixíssima qualidade. O problema não é só de governo. É seu também, leitor.
A Controladoria Geral da União (CGU) já denunciou a Ministério Público Federal inúmeras irregularidades da Delta em contratos de manutenção de rodovias federais, como no trecho da BR-232 entre Serra Talhada e Salgueiro. Após ser questionado sobre o assunto, semana passada, o governador Eduardo Campos determinou à Controladoria Geral do Estado a abertura de uma auditoria especial para “subsidiar qualquer decisão que tenha de ser tomada” em relação aos contratos.
Se o governo pernambucano quiser uma dica da população, pode começar entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes, próximo ao aeroporto. A Delta foi contratada pela Companhia Estadual de Habitação (Cehab) no início de 2008 para pavimentar as vias marginais e revestir o Canal do Jordão, famoso pelos alagamentos no bairro.
A Delta e a Cehab fecharam nove aditivos ao contrato de R$ 21,9 milhões. Não há sinal de pavimentação nas vias marginais. Os moradores consideram péssimo o revestimento e o canal será entregue agora em maio, de acordo com a Secretaria de Cidades, à qual está subordinada a Cehab. Segundo o governo, para o canal ficar pronto, faltaria só revestir 120 metros dos 2,6 km de extensão do canal e consertar um trecho destruído na execução de obras da Adutora de Pirapama. Para os moradores, falta muito mais.
“O revestimento é péssimo, muito mal acabado. A população quer uma providência sobre a melhoria do canal”, cobra Ronaldo Barbosa, 45 anos, publicitário e morador de Jordão Baixo há 20 anos. Ele se espanta com a iminente “conclusão” da obra. “Se for entregue desse jeito, me desculpe (pausa). Vai estar inacabada. Uma obra que está terminando, quando vêm as chuvas, as placas se soltam?”, questiona.
Muito mato cresce entre as placas de concreto, dando à obra um aspecto de ser muito antiga e precária. Os moradores se queixam da falta de revestimento no fundo do canal – no pequeno trecho ainda em obras, não se consegue visualizar concreto na base, o que indica que as placas estão apoiadas sobre areia. O canal incompleto, ainda por cima, está assoreado. Crianças da comunidade, ao ver a reportagem fotografando a obra, pularam nos bancos de areia e posaram para fotos.
Por tudo isso, o revestimento melhorou a situação, mas não resolveu o problema, avalia Rosana Cristina da Silva, 31 anos, dona de casa.
“A obra está sendo uma coisa boa e ao mesmo tempo ruim, porque está mal feita. Enquanto eles consertam um pedaço, outro está quebrado. Quando chove, alaga. Mesmo a obra feita, transborda”, afirma Rosana.
Como a pavimentação das vias marginais não saiu, José Roberto da Silva, 40 anos, vendedor, e Laércio Venâncio, 42, comerciante, caminham na pista de barro. Mas só quando não tem chuvas. “O canal está mal feito, com certeza”, diz José Roberto. “Está abandonado”, completa Laércio.
O trecho do canal na Avenida Maria Irene, que corta o Jordão, tem um aspecto um pouco melhor, embora também já esteja assoreado. Mas ali a obra foi visivelmente tão mal planejada que há uma semana, por causa da erosão provocada pela demora em concluir a obra, um poste energizado caiu, um festival de faíscas antes da falta de luz em parte do bairro, sem contar o risco de tragédia, pela proximidade entre o local, a avenida um pequeno supermercado, o Mais Q Bom.
Como o escândalo nacional provocou muita demanda de jornais e revistas sobre os inúmeros contratos da Delta, ela publicou um comunicado oficial em seu site, em que, na terceira pessoa, nega que o comando da empresa tivesse conhecimento de qualquer esquema, garante o cumprimento de contratos e ressalta sua capacidade técnica: “As notícias que a vinculam a fraudes, oferta de favores para obtenção de obras ou má execução dessas obras devem ser creditadas, essencialmente, a um momento em que a credibilidade da empresa está sendo atacada com base em fatos lamentavelmente ocorridos em uma de suas diretorias regionais.”
Originalmente publicado na edição impressa do JC, em 29/04/2012, mas não publicado online
Um comentário:
A VARA É PARA AS COSTAS DO TOLO!
ENQUANTO MILICIANO E PEDÓFILO SÃO ABSOLVIDOS (CHICO BALA E CORONEL BM PERINEI), POLICIAIS E BOMBEIROS HONRADOS SÃO EXPULSOS DE SUAS CORPORAÇÕES POR REIVINDICAREM DIGNIDADE. QUEM É O GRANDE CULPADO DISSO? ORA, É O POVO BRASILEIRO! POR QUÊ? ESTA RESPOSTA ESTÁ NA CPI DE CARLINHOS CACHOEIRA!!!
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: O QUE O POVO BRASILEIRO ESTÁ FAZENDO SOBRE ESSE ÚLTIMO MEGA ESCÂNDALO NACIONAL (O BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA LIGADO AO SENADOR DEMÓSTENES TORRES, À CONSTRUTORA DELTA E TODA A TRUPE DA CORRUPÇÃO)? QUE ATITUDE EFETIVAMENTE O POVO BRASILEIRO ESTÁ TOMANDO SOBRE ISSO? ...É DEVIDO A ESSA ATITUDE CONFORMISTA E APÁTICA QUE O POVO BRASILEIRO É CONHECIDO INTERNACIONALMENTE COMO 'UM POVO ALIENADO', E É POR ISSO QUE DIZEM NOS QUATRO CANTOS DA TERRA: "O BRASIL NÃO É UM PAÍS SÉRIO".
MEDITAÇÃO: "O chicote é para o cavalo, o freio, para o jumento, e a vara, para as costas do tolo!" (Provérbios 26:3). Então, a grande maioria dos brasileiros não deve se queixar do "chicote" da corrupção política que há séculos nos açoita! MAS, COMO A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE, TENHO ESPERANÇA DE QUE O BRASIL VAI MELHORAR, COM A GRAÇA DO BOM DEUS. AMÉM.
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