J&F compra a Delta e Meirelles irá comandar
Ex-presidente do BC foi escolhido para chefiar o conselho da empresa que é hoje o centro de escândalo de corrupção em obras públicas
Publicado em 09/05/2012, às 07h57
Do Jornal do Commercio
Henrique Meirelles na época em que comandava o Banco Central
Foto: Antônio Cruz/ABr
A J&F Holding, grupo que controla o frigorífico JBS, irá assumir o controle da Delta Construções, empresa alvo de investigação na CPI do Carlinhos Cachoeira, no Congresso Nacional. A informação é de agentes envolvidos na negociação, segundo os quais, um comunicado sobre a operação deve ser divulgado hoje. Em um primeiro momento, antes da aquisição completa da empreiteira, a J&F Holding irá administrar o fundo que controla a Delta Construções, para avaliar a situação financeira da empresa. A expectativa é de que um novo presidente assuma a construtora, atualmente a sexta maior empreiteira nacional.
As negociações para a venda da Delta Construções se estendem desde a semana retrasada e foram conduzidas, segundo pessoas que participaram da negociação, por Joesley Batista e Henrique Meirelles, da J&F Holding, e por Fernando Cavendish, presidente licenciado da Delta Construções.
O ex-presidente do Banco Central deve, inclusive, assumir a presidência do conselho de administração da Delta Construções.
O mercado já vinha apostando em um acordo para esta semana entre a construtora e a holding, com a divulgação de fato relevante aos investidores. Em abril, o colunista do Globo Ancelmo Gois antecipou que a empreiteira estava à venda, após passar por problemas de caixa em virtude da divulgação de irregularidades em contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A aquisição da empreiteira pela holding representa a expansão dos negócios da J&F para o ramo da construção civil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui cerca de 30% do capital do grupo JBS.
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, já afirmou que o Ministério do Planejamento estava se preparando para uma eventual saída da Delta Construções das principais obras do governo federal, em especial as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Um diretor de uma das cinco maiores empreiteiras do País, ouvido pelo Globo, avaliou que a venda da Delta Construções tem caráter mais político que econômico, uma vez que, por meio dos atuais contratos firmados, a empresa não quebraria a curto prazo.
A Controladoria Geral da União (CGU) identificou indícios de possível tráfico de influência, com suposta corrupção de servidores públicos, em contratos firmados entre o governo federal e a Delta em diferentes Estados, nos quais já foram detectadas irregularidades como superfaturamento e pagamentos por serviços não executados.
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Em Pernambuco, entre os problemas constatados estão obras como as da Transposição, com trechos onde o canal apresenta rachaduras, atraso no Canal do Jordão, entre outros contratos.
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